quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

UM PEQUENO PARÊNTESE OU COMO TRANSAR COM CLARICE LISPECTOR


Se estou prenhe de idéia, então a leitura é o sexo, que é quando meu ser se relaciona com o outro[ser] em busca de prazer para parir, em périplo, a palavra que é vida.
Sem a presença substancial do outro não se faz sexo.
Assim, se nossos filhos são a forma de nos prolongarmos no outro, então o homem é Deus em seus filhos.
Toda escrita implica uma metafísica, mesmo que o limite para a linguagem seja seu uso.
“A dor de dente que perpassa esta história deu uma fisgada funda em plena boca nossa”.
Se sinto algo por Maria, cabe a Maria me dizer o que sinto, mesmo que eu acredite que “a verdade é sempre um contato interior e inexplicável”.
Só tenho vida interior ou contato íntimo porque tenho palavras para expressá-la.
Volto à Maria. Penso em Maria. A Maria que penso agora existe? Eu que penso Maria existo sem Maria?
Mas trago à luz algo de novo e puro que, no entanto, já era em Deus. Esse Deus todo que a tudo subsiste. Que é todo poderoso e que garante a verdade.
Nem por um átimo a verdade é relativa.
Não há nada que sustente a verdade porque Deus é a palavra em ato puro. Lembrando que Deus não poderia ser palavra fora do tempo, eterna, e sim, o eterno movimento da palavra.
Agora me pergunto o que vale mais a pena: discutir o sexo dos Anjos ou a sexualidade de Deus? Ou nem um nem outro, se me lembro que se Fernando Pessoa tivesse casado com a filha da lavadeira, nós não teríamos Álvaro de Campos, mas talvez fossemos felizes...

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