segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Acerca da filosofia diletante

O que é isto – a filosofia diletante?(5) O primeiro ponto que se nota quando alguém fala em filosofia diletante é que, por oposição, deve haver uma filosofia não diletante, uma filosofia séria. Levar-se à sério, nesse sentido, é obedecer aos cânones da academia. Se assim é, então talvez a tal filosofia diletante não mereça o tom pejorativo que normalmente carrega a expressão. Ora, não parece uma conseqüência necessária que dos moldes acadêmicos de se produzir “pensamento” resulte algo original ou ao menos algo “sério”. Mas antes, o que significa dizer que algo é sério?(1) Qual é o critério para determinar se algo é mais digno de respeito do que outro?(2) E para quê devemos respeitar a tradição?(3) Pois, se se entende por respeitar curvar-se diante daquilo que está pronto, talvez seja realmente preciso desrespeitar o “pensamento pensado”. Daí a velha pergunta que tanto incomodou e ainda incomoda: afinal, para quê filosofia?(4) Se a filosofia é apenas um modo de se conseguir um título, então parece que esta fórmula não apresenta nenhum problema. No entanto, se o objetivo do pensamento filosófico é oferecer uma prática que leve o homem a buscar respostas aos problemas insolúveis de sua existência – insolúveis sim, porque respondê-los é o que menos importa –, então, tal como Descartes, mas em sentido inverso, é preciso se desfazer do princípio de autoridade que a tradição representa para buscar uma filosofia que possa fazer sentido.

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